sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Palavras

Soltas ou agarradas
Leves, às vezes pesadas
Distintas, extintas do agora
Sobrevoam o pensamento
Procurando um lugar livre
Ou se agarram, sem volta
As linhas retas do papel
Tomando forma de prosa
Ou , quem sabe, uma poesia
Daquelas que chegam do nada
Retratando bem os instantes
Tecendo fios de ideias válidas
Perfilando fatos acontecidos
Ou de outras que ficam remoendo
Consumindo-me o tempo vago
Esperando a hora certa do pouso
Talvez, trazendo amores para perto
Talvez , só completando um verso
Puxando até outro palavreado
Já cantado em canções antigas
Ou que mora hoje, na fala do povo
Com outros tantos sentidos usados
Encantada, rica de sonoridade, lúdica
Interpretada ao pé da letra ou ampliada
Palavras juntas, vão formando história
E serão memória dos escritos meus
C.A. 28/11/2014


domingo, 12 de outubro de 2014

Crianças

Minhas crias 
Serão sempre
Crianças soltas
Passeando aqui
No meu pensar 
Nas recordações 
Nas minhas idas
Ao passado presente
Nos cantos de ausência 
Da casa já hoje vazia 
Onde ecoam seus risos 
E o barulhos da correria 
Das brincadeiras saudáveis 
Das suas construções 
Das nossas bagunças 
As casas de bonecas 
As danças e canções
Os muitos livros de história 
O pedaço  lúdico cultivado
Onde as enxergo pequenas
Ocupando todos os espaços
Onde abrigo a minha saudade
Permanente e terna, eterna
Traduzida numa lágrima teimosa
Que brota do olhar de mãe 
Na busca das minhas crias
Já criadas e inteiras
Entregues ao mundo
Mas ainda  crianças 
As minhas crias

C.A. 11/10/14 ( para Nina e Lud, com muito amor de mãe) 

domingo, 21 de setembro de 2014

Sons do Silencio

Acordei antes do dia 
Na madrugada norma
O sono se foi de repente
E pude escutar o silêncio 
O meu silêncio de ausências 
Estava mais presente nesse fim de noite
Onde a Lua ainda era doce presença
Aguardaria calmamente o início do dia novo
Escutando a vida despertando aos poucos
Os primeiros cantar de passarinhos 
Foram como melodias crescentes 
E diferentes  tons formavam um coro
Orquestrado por Bem -te-vis e trinados de canários 
As vezes interrompido pelo barulho de carros
Dos que também despertaram mais cedo
Ou dos que ainda nem começaram a dormir
Nenhum passante na rua até o momento
Um vento frio na varanda convidava a voltar pra cama
Aconchegada nos lençóis  sentia-me mais  confortável 
E também um pouco só com os meu questionamentos
Deixei uma fresta na janela para a brisa entrar e inundar o quarto
E invadir meu novo dia já povoado de tantos pensamentos por tantos
Mais cedo iniciei minhas orações matinais , agradecimentos e pedidos
E aproveitando o tempo e os primeiros raios tênues do Sol
Desejei luz para a vida e para o nosso povo
Necessitado de muitas coisas
Mas muito carente de lucidez 
Nas suas escolhas sãs 
Para nosso futuro
Para nova esperança
Assim como é
Cada novo dia

C.A.  04/09/2014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Luar

Linda a Lua que flutua
Nessa noite mansa 
Espelha - se  na água 
E beija o mar demoradamente
E se esconde e aparece faceira
E num claro instante
Ela brinca com tempo 
Clareia o quarto 
Invade a cama
Banha a alma 
Cobre o corpo despido
Desvenda segredos contidos
Enternece o desejo 
E se faz beijo seduzindo 
E se faz bonita e vibrante
E as faz luar


C.A. 13/04/2014


domingo, 9 de março de 2014

Menina

Imagem da Net




 O dia nublado se fez cor de rosa
A manhã norma ganhou laços de fita
E luz diferente brilhou nos meus olhos
Marejados pela emoção do instante
O meu coração se encheu de alegria
Quando a boa noticia chegou
Vem aí uma Menina !
Pensando em babados e enfeites
Imaginei os vestidos e cachos
Quero lhe presentear com um brinco
E comprar a primeira calcinha
Como será sua carinha?
Linda como o irmão?
Morena como a sua mãe?
O que terá do seu pai?
Será que terá covinhas?
Será que virá calminha?
Sei que já é muito amada
Por essa sua vovozinha.
Importa que tenha saúde
Que desenvolva bem tranquila
Que venha no tempo certo
E que Deus lhe abençoe, Pequena

C.A. ( feliz com a noticia da vinda de Maya)

Vinho e vela

Exibindo IMG_4298.JPGUma meia Lua brilha
Uma pequena estrela cintila
Uma nuvem clara foge
Uma brisa amena acaricia
Uma taça de vinho aquece
Uma chama da vela vela
Uma noite morna segue
Uma canção persegue
Uma saudade invade
Uma lembrança espanta
Uma dúvida paira
Uma ilusão separa
Uma emoção repara
Uma censura desfecha
Uma razão dispara
Uma razão diz para
Uma razão diz ...

C.A. 07/03/14


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Abraço

Abraços recebidos
Ao longo tempo
Atam laços
Entrelaçam corpos
Desembaraçam sentidos
Abrem espaços
Abraços demorados
Longos e apertados
Abraços renovados
Buscando o amanhã
Abraços com possibilidades
Cheios de entrega
Perdendo os medos
Abraço sonhado
Confiado renovado
Abraço realizador
Iluminando o olhar
Abraço vivido e dividido
Construindo vínculos
De coração para coração
Abraços carinhosos
Pros afetos pros amigos
Cheinhos de sentimentos
Limpando as mágoas
Trazendo a calma
Abraços de paz
Entregue ao tempo do agora
Abraços acolhedores
Abraços que falam
Libertando corpo e alma

C.A. 23/12/07 



domingo, 2 de fevereiro de 2014

Salve



Salve Rainha das Águas
Foto da internet
Salve, salve Iemanjá
Hoje tem festa no mar
Tem flores nos balaios
Perfumes diversos no ar
Muitos presentes e preces
O batuque dos tambores
Os pedidos e oferendas
Baianas vestidas de rendas
Impera o  branco e azul
Devoção dos muitos súditos
Que desejam lhe saudar
Um povo crente delirante
Confessando a sua fé
Na força dos mares e rios
Na força das águas do mar
Na força dessa mulher
De múltiplas alcunhas
Janaína , Ogunté, Inaê,  Iemanjá
Salve dois de Fevereiro
Dia da Mãe dos Orixás
Salve a Rainha do mar!

C.A. 02/02/12


sábado, 18 de janeiro de 2014

Minh'Alma



O gosto bom do vinho verde português
Fizeram vivas e presentes 
As ainda bem vivas  imagens de Lisboa
Fados, paisagens, jardins, casarios
Monumentos, varandas , lampiões
Pessoa em tantas pessoas
Um Marques visionário
Avenidas largas e ladeiras estreitas
Contrastes à beira do rio dos navegantes
Bondes trilhando caminhos certos
Subindo e descendo lentamente
Em todas as fachadas Azulejos diversos
Sacadas com roupas penduradas
Retratos de cidade de castelos e igrejas
Desfilaram em cada gole sorvido das nossas taças
O Cartaxo descia suave, trazendo marcas fortes
Frutadas , encorpadas, lacrimejado lentas
E nós embriagados  e inebriados fitando a noite
Que agora se espalha diante do sorriso da lua
Na busca de outros sabores saboreados além Tejo
Recordando Minh’Alma em tantos momentos
partilho com amigos num brinde a vida
e ao viver o instante de prazer do vinho