Debruçados em grandes janelas
De camarote nos camarotes
Os que “podem” ou “são”
Veem do alto, a vida passar
Em exultações verdadeiras
Em mascaras e fantasias
Espantando a tristeza da desigualdade
Com uma alegria incontida ou fingida
Deixando a mostra corpos e desejos
Expressos em beijos longos e abraços
Na mistura de toda a gente misturada
Fantasiadas, travestidas, desnudas
Igualadas pela canção que toca no trio
Passando emoção e euforia
Pela reverencia ao cantor da vez
Pelos gestos guiados por uma voz
Braços pra cima, palma da mão
Em cima, em baixo, pro lado…
Num exercício ritmado sem cansaço
Seguem os instintos como se o tempo
Estivesse resumido a um Carnaval
E se permitem todos os exageros
Todos os devaneios e sonhos
Que a vida dura da realidade
Embota, degrada e petrifica
Estão felizes, parece…
São felizes? Pouco importa.
O propósito ali é viver novamente
Ou alguns, por vez primeira o ópio
O Pão e Circo que ameniza
Ou afasta das mentes
O retrato triste da nossa Bahia
De Jorge, de Oxalá, do Axé
De Todos os Santos
O Carnaval vai passando…
C.A. 20/02/12
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