sábado, 24 de dezembro de 2011

Ideia do Natal



Novamente é Dezembro
Andando por ruas enquanto anoitece
Paro para observar o movimento
Mais uma vez a cidade repleta
De gente, de luzes piscando, de sonhos
Onde os anúncios chamam atenção
A idéia no ar é mais vender e comprar
O símbolo do Natal é o presente
Os pinheiros artificiais enfeitados
Indicam que já tudo é festa
Todos correm aos shoppings
Em busca milagre do Papai Noel
Gastam o que muitas vezes nem tem
Envolvidos em sons e ornamentos
Esquecidos do passado e do motivo
Que outrora nos determinava a celebrar
Armando presépios com imagens e fé
Recordando a cena da lapinha em Belém
Preparando a manjedoura para que
Pontualmente a meia noite o galo
Cantasse anunciando ao vento
A vinda do filho de Deus
Simbolicamente Jesus voltasse a nascer
Nos corações junto a Maria e José
Numa festa de Paz e harmonia
Lembrando de todas as fantasias
Que envolvia o Natal desse tempo
Dos sonhos das crianças
E das crianças vivas nos adultos
Despertadas nessa ocasião
Das nossas orações contritas
Pedindo um mundo de mais amor
Solidariedade e paz nos corações
Hoje volto a pensar nos frutos
Da semente do ontem familiar
E fazendo um Natal diferente
De partilha , de afeto de união
Vamos  em oração a vida Celebrar

C. A , 02/12/2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nus


Nós ficamos nus
Despimos das roupas
Vestimos as fantasias
Montamos os personagens
Feitos para a sedução
Buscamos felicidade
Na penumbra
À meia- luz
Dentro do nosso teatro
Em cena aberta
Só mostramos um lado
Uns poucos pontos
Sem os nossos podres
Vendemos a nudez sensata
A que nos interessa ter
Com ou sem afeto
Somos imagens foscas
Do que de fato somos
Só nosso espelho do quarto
Só os olhos da nossa alma
Percebe a diferença dos nus
Faz nos enxergar nitidamente
O prato que se come
O sabor da vida
A pessoa com que se está
E nos perdoa pelas vestes elegidas

C.A. 12/02/11 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clarice Lispector 10/121920- 09/12/1977


"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Dezembro

Alegria, magia, gente
Cores, cheiros, melodias
Sabores, amores
Os daqui os de fora
Tudo contagia
Tudo combina
Dois de dezembro e
Já é verão na Bahia
Já ninguém fica parado
Já se ouvem os tambores
O Olodum invade e avisa
O som agita a praça
Todos livres se livres são
Todos dançam e se misturam
Estamos vivos, estamos fortes
A vida continua aos quarenta e uns...

CA. 02/12/2008 ( após ensaio do Olodum )

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sapatos



Fatos
Atos
Sapatos…
Se só temos
Dois pés
O que nos leva
A ter tantos sapatos
Espalhados
Guardados
Deixados
Nos carros?
Precaução
Compulsão
(In) decisão?
Coisa de mulher…
Difícil pra homem entender
Que às vezes saímos sem saber
Aonde a vida vai nos levar…

C.A. 18/10/11 

domingo, 27 de novembro de 2011


De uma coisa estamos certos:
Quem tem vida interior desconhece desertos

Nildão  – em Gotas Colíricas

Deserto


Sentimentos reprimidos
Teimam em ainda aflorar
Florescem solitários
Como flor de cactos
Brotam no árido deserto
De sonhos rescindidos
Na compulsória do tempo
Sem água, sem afeto
Sem presença, sem luz
Adormecem esmaecidos
Acordam sobressaltados
Clamando por sobreviver
No mais interno espaço
Quando dados sem vida
Ressurgem certamente
Esperançosos num suspiro
E se julgam imortais
Posto que tão vivos
Crescem ferozmente
Tomam vulto
Esquecem que são
Rebentos de só um
E por instinto e instantes
Viram areia e se misturam
Aquietando sem resistir
No mistério de já ser

C.A. 20/03/11

sábado, 26 de novembro de 2011

Alféles



Fazenda Alegria


Encontrei no teu gosto o gosto perdido da infância
No teu cheiro o cheiro da garapa no tacho de cobre
Fechei os olhos e revi a fumaça subindo, a fervura
O aroma da cana, o barulho do engenho, a parelha de bois
Voltei muitos anos no seu sabor de rapadura
Voltei a saudade do passado, da infância
Voltei a minha avó, ao meu avô
Às horas boas desfrutadas em brincadeiras
Ao som do rego, da roda d’água,do cheiro de açúcar
Voltei as minhas tranças apertadas que insistiam em desmanchar
O doce carinho das histórias contadas,
Sempre a hora de dormir
Sempre com bichos falando
Histórias de caipora e sacis
Mundo encantado, vida feliz naquele tempo
Onde eu nem sabia direito o que era o mundo
Onde esperava a puxa com a cana mirim na mão
Quando sentava na casa do forno para saborear a vida
Com cheiro de biscoito assando e café torrando
Em horas ganhas e lambuzadas


C.A. 18/01/2009  (memória gustativa)  

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Restauração




Retratos
Revistos
Reportam
Rumos
Recortados
Remetem
Ritos
Rotos
Registros
Resguardados
Riachos
Represados
Ruem   
Recursos
Renascem
Retomam
Rastros
Reluzem
Resoluções
Revitalizo
Relógios
Registram:
Alma Restaurada!!

C.A. 29/10/11

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Novembro


Hoje, não me governo
o pensamento "avoando"
já me fez deixar fluir diferente
sem constrangimentos ou rugas
com as mudanças advindas
perfume trocado
casa preenchida
caminho diverso
alterações de prazos
divergem do planejado
me desconheço assim
como nuvem leve
ao sabor dos ventos
desejando ver Novembro
e quando Novembro vier...
abrirei olhos e coração
estarei atenta
a vida promete

C,A. 31/10/11

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Hoje, Dia D, de homenagem a Drummond






Amar o perdido


deixa confundido

este coração.



Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.



As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão



Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade



sábado, 29 de outubro de 2011

Nova

Se a lua é nova
Redefinições
De planos e rumos
Traçados num tempo
De reflorir a vida
Se a lua é clara
Clarividência
Pra nem se ferir
No espinho da flor
Que teima em viver
Dentro de um sonho
De doçura e paz
Pintada de azul
Se a lua é bela
Livre de fases
Fazes pra ser
Como é ela
Se lua é tímida
Requer ousadia
Pra trilhar caminhos
Antes nem visitados
Ou olvidados outrora
Quando ainda era nova

C.A. 28/10/11

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Costurando ...

Costurando sonhos
Alinhavando fantasias
Tecendo pontos sem perguntas
Puro instinto moldando um abraço manso
O nosso instante existe no agora
Sem inocência e sem pecado
Bordando anseio de ser mais que sou
Em pequenas ocasiões de encontro
O sangue quente escorre vivo e aviva
Renova os nos, tinge o delicado momento
Reforça o fio tênue do presentemente
Querer de dois que se descostura
E segue cerzido com gestos e olhares
Mãos, corpos e bocas carentes e silentes…
Então, que seja leve e lúcido o permitido

C.A. 26/01/11

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Minha Metade premiada






‎"Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre".
Clarice Lispector

Metade


Minha metade vazia de hoje
Sente falta do preenchimento
Do aconchego do fim do dia
De amor, de versos e vôos
De abraço de vida de laço
De caminhos e estradas compartidas
Sabendo de mim estou inteira
Sedenta de você sou metade
De sonhos de sentido de um só
Pés no chão aprendendo caminhar
Vou descobrindo outra estrada
Cabeça nas nuvens ganho o espaço
Desenho um destino diferente
Minha vontade não cabe em mim
A razão me acorda a cada instante
Só para me proteger dos acasos
Egoísmo e afeição pelejam comigo
Cuido de me resguardar de dores
Sendo eu mesma sem fantasias
Olho o interno e percorro um você
Distante, guardado no instante
De sonhos de sentido de um só
Eu muda guardo desejos no silencio
Eu mudo a cada dia de espera vã
C.A. 05/08/11

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Vida





"O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria, 

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem"

João Guimarães Rosa

Alma Liberta

Para Kal Olliveira

Voa menino lindo
Solta sua alma e busca seus sonhos
Que a limitação da humanidade seja vencida
E acolha a sua alma liberta
Se lança em direção ao infinito e conquista a luz

Voa menino doce
Distribui a sua “riqueza” entre os mortais
Acolhe ao outro na sua sabedoria
Permanece criança em sua alegria
Faz da sua arte um caminho 

Voa menino mágico
Seja menino e, apenas menino
Seja sempre você.

C.A. 14/10/07